2007-06-04

(A)casos

Imagem tirada daqui

Etelvina ia pela rua a cantarolar dentro da sua cabeça . A Etelvina que eu conheço não tem nada , mesmo nadinha a ver com a do Sérgio Godinho, aquela que, “com seis meses já se tinha de pé…” , embora ela até saiba a letra de cor. Então, ia ela com uma canção a repetir-se dentro da cabeça e, por acaso até nem era aquela atrás referida… Seguia descontraída e despreocupada e olhava num relance para as montras das lojas sem lhes prestar grande atenção. No entanto, chegou à porta da florista e abrandou o passo. Inclinou a cabeça e admirou através do vidro da enorme janela as flores expostas, as cores, os feitios … e , nisto, alguém de dentro da loja , numa alegria transbordante acenava-lhe risos e sinais de mãos… os olhos brilharam-lhe da surpresa, entrou e beijou a amiga numa efusão de saudades e de gargalhadas. Arrastaram-se uma à outra para um café próximo a atropelar as palavras, as vidas vividas, enquanto separadas, entremeadas sempre de espantos e risadas e abraços. Estiveram nisto metade da tarde: a trocar risos e detalhes da vida. A certa altura, começaram a cruzar os dados do percurso de vida de cada uma e chegaram à conclusão de que nunca n(est)a vida tinha havido a mínima probabilidade de se terem encontrado antes. Separaram-se ainda alegres , mas cheias de interrogações. Nunca mais se voltaram a encontrar depois deste episódio.

A Etelvina jura ainda hoje, anos volvidos, que ambas tinham a certeza absoluta de que se conheciam…

Rendadebilros, 01/06/2007

Etiquetas: